Paralímpico ou Paraolímpico? Vamos deixar esta discussão para outra hora... Agora, sem desmerecer nossos “Heróis Olímpicos”, veremos, nos próximos dias, uma Tsunami de medalhas que vai afogar a “marolinha” das 19 medalhas olímpicas. Mas deixando os nobres metais de lado, vamos compreender o que ficará depois que a onda passar.
Pelas contas do IBGE (2.010), o Brasil tem 45 milhões de Pessoas com (Alguma) Deficiência, das quais 13 milhões (Deficiência Moderada à Severa) poderiam classificar-se em alguma modalidade Paralímpica. No período dos Jogos Paralímpicos, todos estarão, quando possível, com os olhos voltados para a Cidade Maravilhosa onde tudo, ou quase tudo estará acessível. Bem, isso é o que veremos na televisão, mas aqui cabe uma pergunta: será esta a realidade das PcDs – Pessoas com Deficiência e das PMRs – Pessoas com Mobilidade Reduzida no Rio de Janeiro e em outras Capitais e Município Brasil afora? Não acredito e recomendo que não acreditem, pois a realidade é bem diferente do que veremos na televisão.
A falta de Acessibilidade é notória e está acima da lei, da LBI – Lei Brasileira de Inclusão (Estatuto da Pessoa com Deficiência) que foi baseada na Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, além de garantir importantes direitos, traz em seu bojo, uma importante inovação na conceituação de deficiência que enfatiza o slogan "Acessibilidade é Responsabilidade de Todos". Para a LBI, a deficiência não é mais compreendida como uma condição estática e biológica da pessoa, mas como resultado da interação das barreiras impostas pelo meio com as limitações de natureza física, mental, intelectual e sensorial do indivíduo.
Assim devemos voltar nossos olhos para as cidades; para as respostas que elas oferecem às PcDs e PMRs e nos perguntarmos se esta realidade é aceitável. Será aceitável negar os direitos básicos, garantidos pela constituição, de milhões de pessoas? Será aceitável considerarmos as barreiras impostas ao usufruto desses direitos, apenas, de 4 em 4 anos por ocasião dos Jogos Paralímpicos? Será aceitável continuarmos a falar de inclusão, em igualdade, enquanto a realidade nos mostra, exatamente, o contrário? Acredito que não. Acredito que bom mesmo seria não precisarmos falar em inclusão e igualdade, que estas condições já fossem inerentes ao nosso meio e a nossa sociedade. Mas esta não é a realidade.
O legado dos Jogos Paralímpicos não serão as medalhas, nem os equipamentos acessíveis que ficarão para uso público, o seu grande legado será a multiplicação do conhecimento sobre a Deficiência, sobre a Diversidade Humana e sobre o que realmente importa: o desempenho, o resultado que cada um pode oferecer para a sociedade independente de sua condição física. Neste ponto vale uma pergunta: quantas pessoas “normais” seriam capazes de fazer o que fazem os atletas “deficientes”? Neste ponto vale a pena lembrar o novo conceito de deficiência da LBI para que possamos, a partir deste ponto, construirmos uma nova realidade, onde seja possível garantir que todos sejam iguais perante as leis e todos os nossos direitos sejam plenamente usufruídos, porque não somos deficientes, “deficientes são as Cidades”... Nós somos todos Diferentes!
Vital Sousa
integrum Consultoria