Ouro, prata ou bronze? Não importa a cor do metal dos sonhos conquistado em rompantes de força, coragem, determinação, superação e, necessariamente, motivação. Em 17 dias de Olimpíadas tivemos de tudo um pouco. Domesticamente o Brasil ultrapassou o número de medalhas conquistadas na Olimpíada anterior (Londres, 2.012). No Placar, a marfa de 16 à 19. Mas o que aconteceria com esta marca sem as medalhas dos “desconhecidos”? Se considerarmos, apenas, o Cara da Canoa, daria um empate de 16 à 16. Mas temos, ainda, o Cara do Boxe; a Mina da Maratona Aquática, o Cara do Tiro, o Cara do Salto com Vara, o Cara do Taekwondo... Bem, assim já seria uma derrota pelo placar de 16 à 11.
Foi o Cara do Taekwondo, mais precisamente o0 seu discurso, que me chamou a atenção para um fenômeno destas Olimpíadas: a proliferação do profissional que cuida das “cabeças” dos atletas. Psicólogo, Personal Coach, Life Coach, Coach Esportivo, etc, etc... Seja lá com qual denominação, muitos foram apresentados à “Mídia” e vaticinaram os seus “milagres”. Não lembro outras Olimpíadas com tantos “desajustados emocionais”. Das lágrimas copiosas aos discursos raivosos, também, tivemos de tudo, mas, principalmente, tivemos em grande número, de perdedores e medalhistas, os discursos “formatados”, cheios de “lugares comuns” e “slogans motivacionais”. Bastava ouvir o atleta para saber que por trás do seu discurso havia uma “Coach de Cabeça”. Como se ganhar ou perder não fosse a coisa mais natural do mundo no esporte, havia em cada disputa a esperança de algo impossível: dois vencedores.
Talvez por estarmos disputando medalhas “em casa”, houvesse uma maior pressão para vencer e a necessidade de justificar, de forma consistente, as derrotas. Assim os atletas foram para o infortúnio catastrófico e avassalador da perda de qualquer etapa da disputa por uma medalha.
Não quero fazer julgamento de valores nem desmerecer o trabalho desses profissionais que cuidaram das “cabeças” de nossos atletas, mas penso que em lugar da “bula motivacional”, do vocabulário “padronizado” e do discurso “formatado”, nossos atletas deveriam ter colocado na bagagem suas próprias “histórias” e trajetórias, além, claro, de todo aprendizado em suas respectivas modalidades.
Ninguém, ninguém mesmo, gosta de perder, mas perder “faz parte” do jogo e ter consciência deste fato poder fazer a diferença no tão falado “psicológico” dos atletas e isso não se aprende de um dia para o outro. Sim, acredito que poder ser aprendido, mas tenho quase certeza que é uma condição natural de pessoas resilientes. Esta é uma condição rara, por isso são poucos os vencedores e muitos os vencidos e em maior número os perdedores. Para os que estão perdendo o sono com isso, deixo um “lugar comum”: “aceita que dói menos”.
Moral da historia: a motivação que vem de fora é só mais um detalhe na preparação dos atletas ou de qualquer outro profissional. O que faz a diferença entre as cores das medalhas; entre vencedores e perdedores é a “chama” que está dentro de cada atleta, de cada um de nós. Chamem como quiser: garra, gana, força, raiva, explosão, superação, motivação... A verdadeira motivação que não se lê em bulas.
Vital Sousa
integrum Consultoria