
Hoje tem marmelada? Tem sim Senhor! Hoje tem goiabada? Tem sim Senhor! Hoje tem espetáculo? Tem sim Senhor! E o Palhaço o que é? É ladrão de Mulher? A alegria do Palhaço é ver o Circo pegar fogo? Quem é o Palhaço? As respostas para estas perguntas residem no íntimo de cada expectador, no íntimo de cada palhaço que há em nós. Aos expectadores deixo, apenas, um conselho: não se deixe levar pelas aparências, não se deixe “flutuar”!
Para não deixar perguntas flutuando no ar, vou utilizar a resposta de outro palhaço, aliás, um grande palhaço que vive indo e voltando à minha mente com suas loucuras geniais e suas realidades fantásticas, assim como vemos nossa própria realidade, léguas à frente de nossos narizes de palhaço.
“O palhaço não sou eu, mas sim esta sociedade monstruosamente
cínica e tão ingenuamente inconsciente que joga o jogo da
seriedade para melhor esconder a loucura.”
[Salvador Dali]
Vem, vamos flutuar?
Já pensou no tipo de palhaço que está no fundo da sua alma, que se mostra atrás do sorriso cínico, do siso hipócrita ou da “boca escancarada cheia de dentes” que nos chama para flutuar? Do que você se alimenta? Dos sorrisos sinceros da plateia? Das falsas promessas de maravilhas que te esperam? Você é feito de palha e se esconde com medo da chuva, com medo do vento, com medo do fogo? Como você usa a roupa de palhaço? Para externar seu ridículo, sua ingenuidade e manter sua seriedade? Ou você se esconde atrás da palha para se alimentar do medo e vencer os medrosos?
Não se deixe flutuar!
Diga a verdade, mesmo que seja dita de brincadeira. Nosso palhaço interior clama por liberdade. Despido da palha, mantenha o riso, abandone o hipócrita siso e jamais deixe de ser palhaço. Jamais deixe de escancarar a verdade. A sua verdade. Seja extravagante, absurdo, surpreendente, provocador, anarquista, infantil, desajeitado e desastrado, mas acima de todos os estereótipos conquiste a plateia com sua criatividade. Liberte o lirismo do seu palhaço interior, não interprete: seja o palhaço. Viva a divina comédia humana.
Soltar os demônios ou dar asas para as verdades que não dizemos de cara limpa – mesmo que a máscara seja transparente – é o papel mais dignificante do palhaço. Amenizar a crueza do dia-a-dia; transformar em sorrisos nossa insignificância diante do universo; revelar, em comédia, a hipócrita tragédia das relações humanas. O palhaço não é ladrão de mulher, é a mulher que se deixa roubar. A alegria do palhaço não é ver o circo pegar fogo, o circo é sua vida, o seu palco, o lugar onde o homem e o personagem tornam-se um só. O palhaço é o medo que nos devora; é a nossa coragem personificada; nosso canto de liberdade; nosso brado contra nossas personalidades risíveis.
Para encerrar, um pensamento pertinente para destacar a divisão entre palhaços e críticos:
"Todos nós vamos morrer, que circo! Só isso deveria fazer com que
amássemos uns aos outros, mas não faz. Somos aterrorizados e
esmagados pelas trivialidades, somos devorados por nada."
[Charles Bukowski]
Liberdade! Clamemos por liberdade para expressarmos o palhaço que há em cada um de nós... Pense nisto!!!
Vital Sousa
integrum Consultoria