No início era o pensamento:
lógico, coerente, concreto. O pensamento se fez palavra, mas a palavra era
pouco para traduzir o pensamento. O pensamento era, por si só, plural,
sistêmico, lógico, coerente, concreto. Assim, a palavra se fez atitude:
criativa, revolucionária, engajada, sustentável, mas a atitude, ainda, era
pouco; o pensamento agora era lógico, coerente, concreto, plural, sistêmico,
criativo, revolucionário, engajado, sustentável, mas, ainda, era só pensamento.
Assim, a atitude se fez ação: traduziu-se em fatos e dados históricos,
transformou-se em atividades e processos e finalmente o pensamento tirou o
tempo de sua inércia.
A cada fração de tempo, milhares
de percepções sensoriais – tudo o que vemos e sentimos – tornam-se conscientes,
transformando-se em pensamentos e iniciando o processo de formação de nossas
emoções e sentimentos acerca dessas percepções, que serão convertidas, em
última instância em atitudes, pois naturalmente, tendemos a reagir. Um ciclo
único, inconfundível, baseado no mapa mental de cada um de nós, formado a
partir das experiências que formam nosso caráter, nosso comportamento. Se
pudéssemos ouvir nossos pensamentos, ouviríamos uma verdadeira tempestade de
ideias. Alguns conseguem conviver com esse “barulho” na cabeça – ou quem sabe,
sequer tomam consciência dele - outros precisam externá-lo em forma de ação.
Na cabeça de um empreendedor –
falo por mim e por todos os empreendedores que tive o prazer de conhecer suas
histórias, contadas por eles mesmos – pensar não é só pensar: pensar é o
exercício ininterrupto de sua personalidade; sua inquietude; sua vontade de
transformar-se transformando o mundo que o cerca. Como diria Tuda do conto Gertrudes pede um conselho [LISPECTOR,
Clarice. A Bela e a fera. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1979]:
-
“Doutor, vim perguntar o que faço de mim. Quero saber como mostrar ao mundo que
sou uma alguém, uma extraordinária.”
Nenhum
médico, monstro ou louco teria coragem para responder, a um empreendedor
entusiasmado com um projeto, o que respondeu o nobre Doutor do conto:
-
“Não se preocupe. Não é preciso fazer nada. Isso passa.”
Não
consultei nenhum médico para tratar minha loucura, mas muitos me disseram que
todo esse entusiasmo passaria que eu recobraria o juízo e voltaria para traz da
mesa do escritório para meu expediente comercial. Nenhum monstro – os obstáculos
que há em nós e à nossa volta – conseguiu deter meu ímpeto de transformar meus pensamentos
em ações. O louco da história sou eu mesmo e jamais desistiria de uma ideia
viável.
Para
mim não passou, não passa. Por isso, só por isso, transformo meus pensamentos
em ações; por isso empreendo; por isso estou aqui – com o pensamento transformado
em ação, fatos e dados – para contar minha história: calar a voz que tagarela
em minha cabeça...
-
Vem Tuda, vamos viajar!
[Sousa, Vital. Empreendimento Sem Fim. Recife,
2015]