Conta
a lenda que o ex-presidente Jânio Quadros quando perguntado porquê teria feito
“qualquer coisa”, prontamente respondia:
-
Fí-lo porque quí-lo!
Lendas
à parte, esta resposta bem poderia ser atribuída a milhões de empreendedores
mundo afora, para justificar a abertura de um negócio próprio, sem,
aparentemente, qualquer estudo de viabilidade do empreendimento. Estas
condições têm se repetido entre as dezenas de novos entrantes nos mais diversos
segmentos do varejo, com os quais tive oportunidade de conversar sobre seus
negócios; a motivação para empreender; as condições e recursos disponíveis; o
formação e desenvolvimento de conhecimento sobre o negócio e, finalmente, o que
eles pretendiam, suas visões de futuro. Em grande número a resposta é
aplicável:
-
Fí-lo porque quí-lo!
Recentemente
conheci D. Tita que, juntamente com D. Jaciara, empreenderam no segmento de
Fast Food com uma “Banca de Lanches” em uma movimentada avenida de uma cidade
do interior, que se caracteriza por ser o centro de uma microrregião, para onde
convergem pessoas / consumidores de dezenas de cidades do entorno, ficando a
referida Banca de Lanches, ainda sem nome, em frente a uma movimentada Clínica
Cardiológica. Na Banca é possível degustar uma grande variedade de Lanches
Rápidos e Bebidas, bem como uma variada Bombonière e o cliente pode servir-se
em uma das mesas instaladas em frente à Banca. Tudo bem cuidado, arrumado e
decorado com pés de pimenta, talvez, para afastar o mau-olhado da concorrência
que já deve estar de olho-grande no Ponto. Nesta breve descrição do negócio,
identificamos fortes elementos para, preliminarmente, estabelecer uma Situação
Favorável na Análise Estratégica do Ambiente Organizacional.
-
Não fizeram Pesquisa de Mercado ou analisaram a Viabilidade do Negócio;
-
Não fizeram nenhum Curso preparatório ou de qualificação voltados aos produtos;
ao atendimento ou a gestão do negócio;
-
Não procuraram informações em nenhuma entidade ou organização de fomento ao
empreendedorismo.
Empreenderam
para complementar a renda oriunda de um benefício social – D. Tita é portadora
de necessidades especiais – e para “não ficarem paradas”, conforme asseverou D.
Tita, com a intenção de verem o desenvolvimento do negócio para uma lanchonete
maior e quem sabe, no futuro, uma cadeia de Fast Food. Afinal, se é para
sonhar, vamos sonhar grande e partir para a construção dos alicerces desses
sonhos, como o fazem essas empreendedoras. A resposta mais uma vez é cabível:
-
Fí-lo porque quí-lo!
Não
fui longe na conversa com D. Tita, deixei para uma segunda oportunidade após a
publicação deste artigo, para podermos conversarmos mais amiúde sobre este
empreendimento, mas posso garantir que estas empreendedoras se encaixam
plenamente na Dinâmica do C.H.A. que tem como centro dos pressupostos para o
sucesso as Ações Afirmativas, a Atitude, a Ação:
-
Fí-lo porque quí-lo!
Talvez
todo Conhecimento das empreendedoras seja empírico – elas tiveram a ideia,
acreditaram no negócio e partiram para a ação; talvez as Habilidades de ambas
estejam sendo forjada no calor dos acontecimentos. O que não tenho dúvidas é
sobre o alto grau de Atitude das duas empreendedoras, mesmo tendo conversado, apenas,
com uma delas. Acredito que elas como muitos outros com quem já conversei, em
situações semelhantes, estão acima do ponto central do campo das possibilidades
de combinações entre C, H e A: Conhecimento, Habilidades e Ações Afirmativas,
respectivamente. Com Ações Afirmativas busca-se o autoconhecimento a partir de
uma honesta investigação e constatação de si mesmo tal qual é a realidade; com
as Ações Afirmativas busca-se o Conhecimento através da experiência e
desenvolve-se as Habilidades no fazimento contínuo das atividades que atendem
as necessidades de manutenção do negócio.
Estes
são empreendedores que, de alguma forma, abstraíram que “se eu quero e acredito
que posso, eu posso e faço”. Assim, a partir do momento que o empreendedor
entende que desistir não é o caminho mais seguro para manter-se seguro, ele
coloca em prática o ciclo de formação das Ações Afirmativas. A partir de uma
autocritica realista, assume para si a responsabilidade dos seus atos, deixando
de ser refém das desculpas para ser protagonista da sua história.
Enfim
temos argumentos para atualizar a resposta presidencial, tornando-a
providencial:
-
Fí-lo porque quí-lo, porque posso-lo!
[Sousa, Vital. Empreendimento Sem Fim. Recife, 2015]