“Todos os pensamentos inteligentes
já foram pensados: é preciso, apenas,
tentar repensá-los.”
[Johann Goethe]
Por volta dos 08 anos, iniciei, como aprendiz,
minha vida profissional. Na época, acompanhava meu pai, alfaiate de profissão,
que naquele momento trabalhava como cortador em uma indústria de confecções - roupas
de carregação como dizia ele.
Algumas peças de tecidos traziam pequenos encartes
onde se lia citações diversas de grandes pensadores e minha diversão era
colecioná-las. Daí nasceu minha paixão pela leitura e a minha fixação por
citações. Citações que encabeçarão todos os Capítulos deste livro, para levar o
leitor à uma viagem instantânea do que me move nessa Jornada.
Enquanto formava minha coleção, não fazia a menor
ideia de quem eram os nomes que apareciam após as últimas aspas de cada frase.
Minha curiosidade me levou á biblioteca da Escola onde iniciei meus estudos nas
Ciências Humanas, ou melhor dizendo, meus estudos sobre a humanidade.
Meu interesse não eram os livros infantis e essa atitude
estranha para uma criança por volta de 10 anos me rendeu um presente do
Bibliotecário e Professor de História. O livro “Belfagor, O Arquidiabo”, um
conto de Maquiavel, que narra as desventuras
de Belfagor, um pobre diabo que é mandado à terra para, como humano, verificar
o que é o casamento, assumindo para isso a personalidade de Dom Rodrigo de
Castela. Isto após constatarem, no inferno, que a maioria dos que ali chegavam
eram homens que foram casados.
Minha atitude, na verdade, era resultante de um mal
entendido: quando perguntei ao Bibliotecário que livros eu poderia ler na
estante dos Grandes Pensadores, ele, receoso pelos danos que eu poderia causar
aos livros, me respondeu:
- Leia os mais antigos.
E foi assim que comecei a ler Voltaire, Sócrates,
Rousseau, Sartre, entre outros, desenvolvendo uma predileção pela biografia
desses grandes pensadores. Nesses livros identifiquei a origem de algumas
citações de minha coleção. Maquiavel, seus Príncipes e Demônios passaram então
a habitar os meus pensamentos por um bom tempo.
Claro que minha fixação pelas citações
transformou-se em paixão pelos livros, pela leitura e pelo conhecimento. Com o
tempo, desenvolvi um processo de absorção das citações que começa pela leitura
das mesmas, passa pela pesquisa sobre a vida do autor e finalmente pelo
aprendizado do conhecimento contido em cada frase. Para mim, no contexto desta
narrativa, elas funcionam como as Tulipas em uma Planilha de Rally.
Uma das mais recentes citações que aprendi tem tudo
a ver com o meu trabalho e com o projeto de transformar 50 anos em 05. Desta
vez, não foi num encarte de peça de tecido ou numa biblioteca, mas no que costumo
chamar de a “grande fonte do saber”: a internet. Mais precisamente numa Rede
Social. Precisamente a citação estava em um texto sobre Redes Sociais. Não as
Redes como Facebook, LinkedIn, Twitter entre outras, mas as verdadeiras Redes
Sociais. Neste momento, eu aprofundava meus conhecimentos sobre Cooperativismo,
Economia Solidária, Empreendedorismo Social, Pensamento Sistêmico e Redes Sociais.
Finalmente descobri que minha estranha loucura
fazia sentido. O que empiricamente abstrai como Modelo de Gestão para a integrum Consultoria e como Arranjo
Econômico para o i2 – instituo integrum,
estava largamente respaldado pela teoria da Autopoiese: característica de um
sistema de se autodefinir, autoconstrução e frequentemente se renovar a partir
dessas duas primeiras ações. Ou seja: existe autonomia no estabelecimento de
duas constituintes básicas de um sistema: estrutura e organização.
Concluirei o Capítulo com uma citação e uma
recomendação. A citação será a única nessa posição, fechando um Capítulo, face
ao seu alinhamento com todo o conteúdo do livro, o que a faz de um Prefácio
para toda a obra.
Recomendo que, a cada citação, o leitor pesquise
sobre o autor, sobre o contexto e a origem da mesma e, finalmente, abstraia
para si o conhecimento do que é real e do que é ilusão.
“A aprendizagem é um processo que ocorre no viver,
porém que não consiste em captar o mundo como a palavra aprender sugere. O
fenômeno de aprender é mudar com o mundo... e essa mudança aparece como uma
mudança de comportamento...”
[Humberto Maturana]
[Sousa, Vital. Empreendimento Sem Fim. Recife, 2015]