Quando se fala em ética, um de seus maiores antônimos é a Lei de Gerson: “Levar vantagem em tudo. Certo?” Na outra ponta temos o que considero como melhor definição de ser ético: “Não faça aos outros, o que não quer que seja feito a você”. Ser ético é respeitar os limites; saber onde termina os seus direitos e começam os direitos dos outros.

Sim, Consultores vendem conselhos; mas em qualquer
atividade econômica, principalmente na prestação de serviços, sempre há quem
queira levar vantagem; sempre há quem queira argumentar que algumas palavras
não poderiam ter custo, tomando como base de avaliação o fato de que, na
atividade de Consultoria, não vendemos “algo físico”, um “objeto” que o Cliente
leva para casa: vendemos conhecimento; vendemos a transferência de
conhecimento. Simplificando a argumentação, ao invés de vendermos o peixe,
ensinamos a pescá-lo.
É neste ponto que nossa discussão converge para a
ética. Muitas vezes, as análises de custo dos conselhos, deixam o campo da
desinformação (inconsciente) e invadem o campo da esperteza (intencional). Estou
falando dos pseudoclientes: “amigos”, “colegas” e “parceiros” que insistem em
inventar historinhas muito bem elaboradas e recitadas com indisfarçada cara de
pau para conseguirem conselhos gratuitos ou obterem dicas de processos,
estratégias e informações de mercado referente aos seus negócios.
Esta atitude poderia ser classificada por inúmeros adjetivos, mas, para manter o bom tom da discussão, vou classificá-la, simplesmente, como antiética e desrespeitosa.
Esta atitude poderia ser classificada por inúmeros adjetivos, mas, para manter o bom tom da discussão, vou classificá-la, simplesmente, como antiética e desrespeitosa.
Amar a profissão não significa trabalhar de graça.
Trabalho pressupõe uma relação financeira entre o tomador e o prestador dos
serviços. No jargão corporativo: “não existe almoço grátis”.
Mas atire a primeira pedra quem nunca acabou trabalhando de graça por confiar em quem não deveria? Oportunistas, travestidos de Clientes, atrás de consultoria gratuita são muitos e representam o que há de pior no mundo corporativo. Essa atitude, antiética e desrespeitosa, me causa um tremendo sentimento de repulsa: recuso, terminantemente, quaisquer possibilidades de trabalho com esse tipo de “Clientes”, que são facilmente identificados, pois fogem de um contrato como o diabo foge de uma cruz.
Alguém, por um acaso, entra num ponto de vendas, enche
as sacolas com produtos e sai sem pagar? Há alguma possibilidade de pagarmos
nossas contas com sorrisos, abraços e tapinhas nas costas? Não. Absolutamente,
não!
Esta analogia pode ser simples, mas é a síntese da
situação. Da mesma forma, Consultores não estão disponíveis para bate-papos
informais, recheados de valiosas dicas de Marketing, Estratégias e Soluções
para quaisquer negócios. Transferência de conhecimento deve ser respeitada e
pactuada, nos mínimos detalhes, antes de acontecer.
Agora sim, estou no ponto em que posso dar conselhos, mas antes vamos analisar a etimologia da palavra respeito. Respeito vem do latim ‘respectus’, particípio passado de ‘respicere’: “olhar outra vez”. Neste sentido, aconselho:
1 – que Empreendedores, Gestores e afins dediquem
algum tempo para “olhar outra vez” e rever suas relações com os Consultores com
os quais pretendem trabalhar. Isso, trabalhar, não “trocar ideias”; “bater
papo” ou ter uma “conversa amistosa”;
2 – que Colegas de profissão dediquem algumas horas
do seu tempo para uma reflexão e uma autoavaliação e “olhem outra vez” para
suas propostas de trabalho: valorizem a si mesmos e não caiam na tentação do
oportunismo da concorrência desleal.
As situações, onde estas atitudes antiéticas e
desrespeitosas são largamente praticadas, são inúmeras e quem chegou até este
ponto da discussão, seja Consultor ou não, mentalmente já relacionou inúmeros
casos que se encaixam como uma luva no que estou colocando.
Para não cair na armadilha da “Consultoria Grátis”
e acabar de vez com as desculpas de, apenas, um “bate-papo”, desenvolvi uma
argumentação que, até o momento, revelou-se infalível: ao invés de vender
Conselhos eu vendo Lápis.
Assim, quando um Cliente pergunta o que estará
levando para casa, independente do Custo deste “objeto”, avaliado,
criteriosamente, de acordo com as reais necessidades de cada Cliente e o tempo
de trabalho que será demandado, eu respondo:
- Um Lápis e algumas folhas de papel onde estarão
redigidos todos os conselhos que serão oferecidos gratuitamente!
Vital Sousa
integrum Consultoria
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