As executivas Chieko Aoki (Hotéis Blue Tree) e Luiza
Trajano (Magazine Luiza) dispensam qualquer apresentação e seus nomes são
facilmente ligados a excelência na Gestão de suas Empresas. Recentemente, num
programa de TV, me chamou a atenção uma conversa, entre essas executivas, sobre
Seleção de Pessoas. Uma frase da Sra. Aoki sintetizou esse desgastante processo
para as Empresas:
- "Devemos selecionar pessoas que pensam em pessoas”.
A frase, à primeira
vista, parece algo óbvio, mas destaca o, ainda existente, abismo entre o conceitual
e a prática na Gestão de Recursos Humanos ou Gestão de Pessoas. Vamos destacar o
óbvio ululante para colocar o que temos, conceitualmente, em termos de Recrutamento
e Seleção nas organizações.
São processos que
fazem parte da rotina dos Gestores de “Recursos Humanos”, “Pessoas”, “Capital Humano”,
para o preenchimento de vagas em aberto no quadro de pessoal para manter a
produção em níveis planejados. A pluralidade de denominações desses Gestores,
já dá uma ideia do imbróglio que temos nas organizações, quando falamos de
Recrutamento e Seleção.
Esses processos são desenvolvidos
de acordo com a estratégia de negócios da organização e estão focados na
captação de pessoas que possam acrescentar valor para o diferencial de
qualidade de cada empreendimento, de acordo com conceitos subjetivos e amplos.
Cada organização tem,
ou deveria ter, muito bem definido:
- o espaço de
trabalho da pessoa a ser captada e as necessidades de conhecimentos, competências,
habilidades e experiências requeridas;
- o perfil
comportamental, desenhado com base no contexto político, social e cultural em
que a pessoa irá atuar;
- as condições do
ambiente e os recursos a sua disposição para realizar o trabalho.
Na estruturação do
processo, em cada organização, é onde começa a dissociação entre conceito e
realidade, pois as pessoas são contratadas pelas suas capacidades de produção –
para atender a constante pressão por resultados – e são promovidas e despedidas
pelos seus perfis comportamentais.
Os processos de
recrutamento e seleção de pessoas, mesmo quando são estruturados seguindo-se
requisitos criteriosos e sérios, agregando, na maioria das vezes, vantagens
para os diversos contextos da organização, sofrem limitações no momento de
serem colocados em prática. Seja em função de indisponibilidade de recursos,
questões culturais ou, sobretudo, a má condução dos processos, que evidenciam
de forma direta, a distância existente entre o conceito e a prática, resultando
em abismos que muitas vezes não conseguem ser ultrapassados no decorrer do relacionamento
entre Empregados e Empresas.
Toda empresa vive de
resultados. Lucro não é algo condenável, lucro é essencial para a sobrevivência
de qualquer organização empresarial. É indiscutível que são as pessoas que
devem ter as ações com foco nos resultados. Neste sentido, existe a necessidade
de alguém para conduzi-las para este fim. Quem deve conduzir as pessoas de modo
a fazer com que as metas sejam atingidas é a gestão humana, como área
corporativa, e os gestores das áreas funcionais, como Marketing, Vendas,
Suprimento, Produção, Financeiro, etc.
Os processos de Recrutamento
e Seleção são considerados pelos empresários e executivos, como um evento
empresarial estratégico e vital para a permanência das atividades.
Estratégico e vital: esta é a visão que deve ser incorporada no cerne da
estruturação destes processos para se atingir a excelência na captação de “pessoas
que pensam em pessoas”.
Apenas a seleção por
competências – focadas em resultados - não é mais aceitável nos atuais padrões
de competitividade e excelência no atendimento que se pretende para um mercado
globalizado de plena e ampla concorrência.
A experiência tem demonstrado que para preencher
uma vaga, os gestores devem considerar os processos de Recrutamento e Seleção
como algo que se aproxima, por definição, a um casamento, em que duas partes firmam
um compromisso após, namorarem, noivarem e se conhecerem bem, do que,
propriamente, uma escolha unilateral por parte da Empresa ou do Empregado.
Os processos de Recrutamento e Seleção são
o momento em que as partes conhecem, aceitam e introjetam Missão e Visão Pessoal
e Empresarial e seus respectivos desdobramentos em estratégias e políticas de
negócios, ressaltando a adequação das pessoas nas três etapas essenciais na
Gestão de Pessoas:
Motivação: suprir necessidades,
dar uma visão de futuro;
- definir o espaço de
trabalho das pessoas, onde elas desenvolverão seus conhecimentos, competências,
habilidades e experiências adquiridas;
Ativação: definir funções,
capacitar, delegar;
- desenvolver as
condições do ambiente e os recursos a sua disposição para realizar o trabalho.
Integração: desenvolver times, identificar
líderes;
- desenvolver o
perfil comportamental, desenhado com base no contexto da Missão, Visão e Estratégias de negócios da organização;
Finalizando, vale
ressaltar que os processos de Recrutamento e Seleção de “pessoas que pensam em
pessoas” são estratégicos e possuem metodologia própria e não podem, e nem
devem, ser encarados como eventos pontuais, subjetivos e sem importância, sujeito
à pena de colocar em risco a sobrevivência da organização.
Vital Sousa
integrum Consultoria
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